As secas cada vez mais severas que afetam a Amazônia agravaram a ocorrência de incêndios florestais, que até recentemente eram mais intensos no Pantanal e no Cerrado, mas que progrediram para além do bioma Amazônia, que é cada vez mais seco e propenso a incêndios. Devido ao ambiente seco e acúmulo de biomassa.
Para combater o problema, o governo tem tomado medidas para prevenir incêndios florestais descontrolados, incluindo, em determinadas situações, o uso de controle de fogo e queimadas estratégicas. É um tipo de dissuasão que já é utilizado há décadas em outros países, como o Canadá.
Em julho, foi aprovada a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, que define e orienta a “queima controlada” como técnica de uso agroflorestal; e “queima prescrita”, entre outras medidas denominadas “fogo bom”, para proteção dos ecossistemas florestais.
“Criámos uma Comissão Nacional de Gestão do Fogo, que irá monitorizar estes programas. O fogo controlado, se utilizado de forma adequada, pode ser utilizado para a prevenção sem afectar a fauna e a flora e mantendo a resiliência da floresta à medida que se regenera e evita a ocorrência de incêndios florestais, “, afirmou o secretário extraordinário do Departamento de Controle de Incêndios. André Lima. Desmatamento e Planejamento Ambiental Regional do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
O Corpo de Bombeiros também dará incentivos financeiros aos produtores rurais que desenvolvam atividades de prevenção e combate à propagação do fogo. A ideia do MMA é que o programa Safra, principal ferramenta de política pública do governo central para apoiar os produtores agrícolas, forneça linhas de crédito com juros baixos para quem segue medidas de combate a incêndios e medidas preventivas.
Estamos criando um esquema onde o esquema Safra oferece taxas de juros reduzidas para qualquer pessoa que siga o esquema de combate a incêndios. O objetivo é complementar os recursos repassados pelo programa SAFRA”, diz Lima. “Serão dados incentivos aos produtores que adotarem tecnologias de vigilância, estratégias de prevenção de incêndios, minibrigadas treinadas, caixas d’água instaladas e equipamentos. O enfrentamento do fogo consiste principalmente em uma estratégia de prevenção. Então é hora de se preparar para uma boa luta.”
O mapeamento detalhado será feito a partir do desenvolvimento do Sistema Nacional de Informações sobre Incêndios (Sisfogo), ferramenta de gerenciamento de informações sobre incêndios florestais, queimadas prescritas e queimadas prescritas no território nacional. Esse grupo será mantido com dados inseridos pelos órgãos da União, dos Estados e dos Municípios que atuam no manejo integrado do fogo.
A necessidade de regeneração florestal pode tornar-se uma nova fonte de rendimento para a população local. Paulo Barreto, pesquisador sênior da Amazon, acredita que o combate ao desmatamento pode se transformar em uma oportunidade de negócios na Amazônia.
“É um paradoxo, mas a verdade é que o desmatamento criou uma oportunidade para a restauração e, se o Brasil fizer certo, pode até ser lucrativo. A restauração deve incluir serviços como o sequestro de carbono, criando mecanismos para capturar recursos em larga escala” , diz Barretto. “Municípios com áreas carentes que podem se beneficiar desses investimentos existem e podem gerar melhorias na qualidade de vida e na economia local”.
Os ambientalistas estão unidos em que não haverá forma eficaz de integrar a Amazônia a um bioma protegido sem o envolvimento direto dos cidadãos, seja no combate a incêndios, no reflorestamento ou na tomada de medidas preventivas.
“É preciso proteger as florestas, mas é preciso proporcionar boas condições de vida. Afinal, lá vivem pessoas. uma economia verde deve ser acompanhada de medidas eficazes para criar uma nova indústria e promover a reabilitação”, afirma Barretto.
Além de controlar e examinar as cadeias de valor associadas ao desmatamento, como a pecuária, que passam diretamente pelo setor privado, os especialistas também chamam a atenção para a distribuição de terras públicas como um ponto importante.
“Se a pressão dessa cadeia continuar na região, mesmo com mudanças de governo e de leis, o desmatamento pode voltar. Portanto, é necessário um controle disciplinado e sustentável, assim como o setor econômico combate a inflação”, afirma o pesquisador amazônico. “É preocupante saber que tudo isso pode mudar dependendo de cada governo. Portanto, é importante envolver o setor privado para atuar nesta grande mudança”, afirma.