Nos próximos meses, o mercado imobiliário paulista receberá uma série de lançamentos de destaque. Serão megaedifícios de luxo, com espaços residenciais e comerciais até 200 metros acima do nível da rua, construídos com know-how e tecnologia desenvolvida na meca dos arranha-céus no Brasil: Balneário Camboriú, Santa Catarina.
Renomadas incorporadoras e escritórios de arquitetura das duas cidades realizaram reuniões técnicas nos últimos meses para trocar conhecimentos e construir parcerias. A FG Empreendimentos, proprietária da One Tower com 290 metros de altura e da futura Triumph Tower com mais de 500 metros de altura – uma das empresas catarinenses, abriu uma empresa dedicada na cidade de Santa. Katerina por fornecer esse tipo de serviço.
“Decidimos fazer os bonecos FG por causa da demanda não só de São Paulo, mas também do Brasil e da América Latina. De pessoas de São Paulo, foram mais de dez consultas este ano. Chile, Costa Rica e Uruguai”, afirma Stefan Domeneghini, diretor-geral da consultoria e engenheiro especializado neste tipo de construção.
A empresa foi criada em colaboração com Fatih Yalniz, vice-presidente sênior do escritório de engenharia americano WSP-EUA e nome forte por trás de edifícios como One WTC e 432 Park Avenue em Nova York.
O CEO da FG, Jean Graciola, acredita que uma recente revisão dos planos diretores de diversas cidades brasileiras – que permitem a construção de arranha-céus – deverá escalar rapidamente a nova atividade. “Temos amplo conhecimento em edifícios altos e comercializaremos esse ativo, proporcionando viabilidade de projetos, estudos inovadores e parcerias”, afirma Graziola.
Na verdade, esses projetos ocuparão áreas nas Zonas do Eixo de Transformação Urbana (ZEUs) da capital paulista, onde aumentou a capacidade construtiva prevista no Plano Diretor Estratégico. “Com o aumento do coeficiente de aproveitamento da região, é natural que comece a ocorrer a hiperverticalização dos empreendimentos”, explica Grazili Gomes, sócia-diretora da Aflalo/Casperini Arquitetos.
Nas pranchetas do escritório de São Paulo estão planos para pelo menos quatro arranha-céus de mais de 200 metros – todos mantidos em segredo. “São Paulo é uma cidade cosmopolita, a Nova York da América Latina, não há razão para não ter edifícios como este”, compara Grasselli.
Alguns projetos ainda estão em fase avançada. Em São Paulo, na zona sul, o Complexo Alto das Násis terá a torre corporativa mais alta: 219 metros de altura. Compartilha o mesmo terreno com uma torre de uso misto e uma torre residencial – esta última, 116 metros acima do nível da rua.
O arquiteto Jonas Birker projetou o prédio de apartamentos – parceria entre Eztec e Lindenberg – com 38 andares e área de lazer na cobertura do edifício. Segundo ele, o Lindenberg Alto das Nações terá um “rooftop” de três alturas, tectos totalmente envidraçados, piscina interior aquecida, campo de ténis oficial, “sky lounge”, zona de fitness e bar.
“A chegada dos megaedifícios deverá beneficiar o segmento de alto padrão. A vista livre da cidade é uma moeda forte e deve aumentar significativamente o valor dos apartamentos nos andares mais altos”, afirma Birker.
Com VGV de R$ 569,7 milhões, o empreendimento foi lançado há uma semana e já conta com line-up de interessados em unidades de alto padrão. “Os clientes que valorizam vistas abertas procuram rapidamente esses apartamentos. A altura funciona como um valor agregado ao preço do metro quadrado, ainda mais quando se tem toda a área de lazer acima”, explica Tellio Totaro, Supervisor Executivo de Incorporações da Eztec.
Mais ainda, o PG Residences by Benx Incorporadora, localizado no Parque Global, na Zona Sul, promete apartamentos com 173 metros de altura. As Penthouses possuem cerca de 300 unidades que variam de 77 a 311 metros quadrados. Com VGV de R$ 800 milhões, o empreendimento já vendeu 60% de suas unidades.
Estabilidade, vento e sustentação são os desafios a superar
Existem dificuldades particulares na construção de edifícios altos, que exigem experimentação constante, e os edifícios devem ter um bom relacionamento com as cidades.
Stefan Domeneghini, diretor da FG Dolls, engenheiro especializado em edifícios altos, diz que o maior desafio nesse tipo de construção é o principal sistema de segurança do edifício, responsável por estabilizá-lo. “Quando se trata de arranha-céus, manter a estabilidade e a vibração dentro de parâmetros aceitáveis é um desafio para alguns profissionais no mundo”, destacou.
Segundo ele, o projeto do elevador, a fachada – que recebe o primeiro impacto do vento -, o sistema de proteção contra incêndio e o abastecimento de água e energia são completamente diferentes de um edifício convencional.
Além dos testes convencionais, Stephen destaca a necessidade de realizar uma investigação geotécnica do terreno e do tipo ideal de concreto além de testes de carga para entender o comportamento da fundação. Testes essenciais de parques eólicos também são realizados para conveniência das pessoas.
Antes de optar por um projeto “super alto” um desenvolvedor deve considerar três coisas importantes: tipo de terreno, verificação estrutural e viabilidade econômica de um projeto desta escala. “Isso inclui previsão de custos e análise logística, rotação de placas e quantidade de mão de obra elegível para a obra”, explica.
Prédios muito altos representam um desafio para o planejamento urbano e não podem ser pensados isoladamente, exemplifica Stephen. “Entender a infraestrutura de distribuição, medir o impacto do entorno e esclarecer os aspectos positivos de uma verticalização bem planejada requer diálogo com os órgãos públicos, a sociedade e a mídia, e devemos trabalhar os aspectos mitigadores por meio de medidas sustentáveis por meio conceitual. Fase”, finaliza.